domingo, 11 de julho de 2010

Bury my heart at Wounded Knee


Garimpando na biblioteca de minha mãe, que reune os livros de nossa infância e adolescência com os muitos que ela ganha de meu irmão, o Pedro, achei esta jóia, que ganhei de presente ou me apropriei, nem lembro mais.
Reproduzo abaixo uma parte da apresentação do livro que foi feita por Geraldo Galvão Ferraz (o tradutor). A capa é de Alfredo Aquino. Esta tradução foi publicada pelo Círculo do Livro nos anos setenta.

" Nos velhos tempos em que o mocinho ganhava do bandido e casava com a mocinha, ninguém era mais bandido que o índio.
Quando os pacíficos colonos vinham falando de uma nova terra prometida, a câmara ia para os altos das escarpas e era inevitável: lá estavam as silhuetas odiadas.
Confusão. Berros. O mocinho dava ordens, os carroções ficavam em círculo. Corte. Um índio velho, cheio de penas, dava um berro ou agitava uma lança. Lá ia o bando de gente pintada berrando. Corte. O mocinho fazendo careta, dizia para o idiota ao lado que não devia atirar."Espere! Temos pouca munição!"
Lá vinham os índios, o mocinho dizia "agora!" e começava a cair gente pintada do cavalo. Mas a pouca munição provocava caretas desesperadas no mocinho, cercado de gente ferida. Até o idiota estava ferido quando a mocinha (que estava carregando os rifles) dizia que era a última carga, soava o clarim salvador da Cavalaria e milhões de Casacos Azuis encurralavam um punhado de índios, acabando com todos. Beijo final. The End.
Mas, e a verdade? Enterrem meu coração na curva do rio(Bury My Heart at Wounded Knee), o best-seller de Dee Brown, conta o outro laldo da história, é uma História Índia do Oeste Americano.
Os mocinhos, de repente, não tem a pele branca. Pelo menos, a maioria. Tem nomes que, nos filmes, eram perseguidos por bandos comandados por John Wayne, Henri Fonda ou James Stewart: Cochise, Gerônimo, Nuvem Vermelha, Cavalo Doido, Victorio, Touro Sentado, Galha........
A tal gente pintada que berrava é um povo altivo, nobre, com uma cultura própria, que só entra em guerra defendendo o direito de viver nas terras que sempre foram suas. Contra eles, um dos maiores exércitos da época, armado com as últimas descobertas da tecnologia bélica para enfrentar mosquetões obsoletos e arcos e flechas.
Os brancos guardam a memória dos massacres Fetterman e de Little Big Horn, onde morreu o General Custer. Ficou relegado aos livros especializados e aos documentos de difícil acesso o grande numero de massacres de aldeias índias, com morte a sangue frio de velhos, mulheres e crianças. Massacres que, comparados a My Li, são como um filme de Sam Peckimpah ao lado de um desenho de Walt Disney.

Obs.: Mantive a grafia do original do tradutor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Aldeões Universais II

A aldeia torna-se o centro do universo
Quando a voz aldeã
Concentra em si própria
A dor e o amor
De todas as terras.

O choro da mulher e das crianças
As danças
São iguais
Com as mesmas lágrimas e risos

Menos ou mais coloridas
Mais ou menos sofridas ou ridas
A vida se repete
Em todas as eras e terras.

Em vidas
Nada é novo
O homem dança e ri
Chora e trama.

Ama.

 

Como sempre foi
Em todos os lugares
Nas camas e bares
Mesmo antes de haverem
Camas...e bares.


domingo, 4 de julho de 2010

Aldeões Universais


Como ser universal
Em uma aldeia tão pequena?
Como falar ao coração do mundo
Estando no fundo do esquecimento.



Como ser ouvido por todos?
Sendo tão poucos aqui.
Como ir longe?
Estamos distantes e sem caminhos.



É, mas alguns conseguiram
De suas aldeias o vento carregou
Seu canto, suas palavras
Suas idéias de aldeões universais.